domingo, março 14, 2021

Um pequeno conto...

 

    Chamo-me Miguel, tenho apenas 5 anos de idade. Não conheço muito da vida, nem sequer ainda fui à escola, amo muito o pai e a mãe.  Meu irmão, 2 anos mais velho é um chato que passa a vida a empurrar-me e a passar-me rasteiras. Gosto muito dos meus avós, uns e outros, fazem-me as vontades todas e ainda me dão guloseimas.

Tempos atrás, passei uns dias com meus avós paternos, que tem uma casa numa aldeia bem pitoresca e um quintal com árvores de fruta, galinhas, coelhos, um cão e vários gatos, tudo muito diferente do sitio onde vivo, uma cidade com muito barulho e fumo dos automóveis, as ruas sujas e ás vezes as pessoas portam-se mal.

Ao pôr do sol, meu avô sentou-me no seu colo e contou-me uma história:

- Sabes Miguelito, tudo está muito diferente do tempo em que eu tinha a tua idade. O rio Cobral que corre lá ao fundo, agora vestido de um manto branco e viscoso, sem qualquer vegetação e peixinhos, nem sempre foi assim. Já foi um rio de águas transparentes, rodeado de plantas de uma beleza natural ímpar, para além dos peixes cheios de vida vagueando de um lado para outro, fosse eles trutas, barbos ou bogas.

Ali, mesmo em frente naquele monte, cresceram pinheiros, castanheiros, sobreiros, agora, é como vês, meia dúzia de eucaliptos e muito mato, para não falar nos fogos que de quando em quando assola o monte e até uma vez queimou a casa do ti Jaquim de Vale da Cabra.

- Mas avô – retorquiu o pequeno Miguel – o que aconteceu então?! Porque agora está tudo tão diferente?!

- Pois!... nós os Homens temos esta capacidade de destruição, cabe-te a ti e aos meninos e meninas da tua geração criar um mundo melhor e mais justo.

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