sexta-feira, junho 09, 2006

Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades


Aproxima-se mais um 10 de Junho. Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades (como gostaria de ter uma grande bandeira Portuguesa, republicana e desfraldá-la neste dia). O meu cunhado Vítor, também faz anos (parabéns, rapaz), mas não é isso que aqui importa salientar.

Foi nesta dia em 1580, que morreu Luís Vaz de Camões, poeta maior da nossa Pátria e que "representava Portugal na sua dimensão mais esplendorosa e mais genial", nas palavras da Professora Conceição Meireles, especialista em História Contemporânea de Portugal.
O 10 de Junho começou particularmente a ser sublimado com o estado Novo. É nesta fase que o Dia de Camões passa a ser comemorado a nível nacional (pois até então, era comemorado como feriado municipal, nomeadamente em Lisboa). O Regime de então, deu a este dia um cunho nacionalista, sublinhando o aspecto comemorativo e propagandístico, enaltecendo a "raça" portuguesa continental e ultramarina.
É com Revolução de Abril, que se procede à mudança do sentido e significado do dia. Passamos a prestar homenagem aos Portugueses que por todo o Mundo labutam para sobreviver, porque, se entendia (e bem), que tanto era um Português em Portugal como no estrangeiro.
O conceito da raça desaparece e comemora-se o Portugal espalhado pelo mundo através das suas comunidades. Desta forma muda-se a designação da comemoração da data para: Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, tirando desta forma toda a carga colonialista ou neocolonialista que o dia da raça carregava. Hoje, comemora-se o Portugal no Mundo, a língua e a cultura portuguesa. Comemora-se a diáspora portuguesa, as comunidades que se formaram a mais tempo e as mais recentes. Dia que serve também, para distinguir Portugueses nas mais variadas áreas, sem distinção ideológica ou religiosa, através da atribuição de várias comendas e títulos

Depois desta, mais ou menos resenha histórica, baseada no trabalho publicado pela Professora Conceição Meireles, vou contar uma triste estória, que se passa num concelho de gente boa, mas governado por gente triste e azelha (faça o favor de desculpar Sr. Presidente da Câmara - acabei de recolocar o chapéu na cabeça). O Sr. Presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital (as minhas origens paternas), Sr. professor (é mesmo com p pequeno) Mário Alves, que não é natural deste concelho (para felicidade dos naturais), decidiu promover a Festa do Inglês no 1º Ciclo do Ensino Básico. Até aqui tudo bem. Também sou dos que partilho que a língua inglesa, deve ser ensinada ás nossas crianças, num mundo cada vez mais global e globalizante como este em que vivemos. Já não partilho, e não partilho não senhor, é como a Língua e a Literatura Portuguesa tem sido (mal) tratada, nomeadamente pelo Ministério da Educação. Mas voltando á estória triste de um concelho de gente boa, sabeis qual o dia escolhido para a Festa do Inglês? Isso mesmo... acertou: 10 de Junho de 2006 - sábado. Então, os meninos e as meninas neste dia vão ter várias actividades em inglês, vão cantar na dita língua e vão representar uma peça de teatro, toda ela em inglês intitulada “My First Job” (meu primeiro emprego).
O ano tem 365 dias e o Sr. Presidente da Câmara de Oliveira do Hospital, iluminado por uma qualquer luz malévola, decide comemorar o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades - o mesmo que dizer: comemorar as nossas gentes, a nossa língua, a nossa cultura - com uma festa inglesa, de e para as crianças. Não há "nexixidade", ver um Sr. Autarca promover de forma oficial a socialização da língua e da cultura inglesa, logo no dia 10 de Junho. O meu mais inflamado e violento protesto contra este tipo aculturação, num dia em que se devia celebrar PORTUGAL e os seus filhos.

A minha humilde pessoa, juntamente com a mulher por quem um dia me apaixonei, o filho de ambos, a bela Inês (uma bebé de 4 meses, linda, linda de morrer) e os pais da Inês, vamos comemorar este Dia 10 de Junho em Constância, Vila Poema, onde o rio Zêzere "casa" com o Tejo e se comemora as XI Pomonas Camonianas.
Com a recriação de um mercado quinhentista, as Pomonas Camonianas integram uma exposição-venda dos frutos e flores referidos por Camões na sua obra. Como se pode ler no sítio da Câmara Municipal de Constância: "Homenagear Camões, o maior poeta português de todos os tempos, a sua ligação à vila de Constância, bem como assinalar o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, são os principais objectivos das Pomonas Camonianas, um evento que nos transporta numa longa viagem até aos tempos do épico."
As Pomonas Camonianas vem da simbologia greco-romana, em que Pomona era a Deusa dos Frutos e do Pomares, frequentemente evocada por Camões na sua obra.

Para acabar a noite, vamo-nos deleitar, ouvindo, talvez o último trovador português, também Poeta, de nome: PEDRO BARROSO. Ali, defronte ao Tejo, num anfiteatro natural, garanto-vos... vão ter inveja.
Mas, já agora uma dica: o Pedro Barroso, estará em Penela, na inauguração das obras do castelo, dia 17 de Junho, apareçam... o convite está feito.