sábado, novembro 30, 2013

Deus... Baco!



Nada mudou,

O álcool mata-me devagarinho

E consola-me a negra alma

Alimento-me de palavras

As que desfaço contra o silêncio da indiferença

As que maltrato, na cândida folha de papel

Vivo entre paredes e um telhado que mete água

Não saio à rua, não suporto ver o brilho dos olhos dos outros

Os meus estão baços de tanta injustiça solta

Em cima da mesa, tenho escritos de ontem

E côdeas de pão bolorentas que mordisco

O copo de vinho, sempre vinho cor de sangue

No velho gira discos, roda sem cessar Joan Baez

Canta agora: “Black is the colour of my trues love hair”

A nostalgia invade o ar que respiro

Leio o poema “Ortofrenia” de Mário Cesariny

Fala de mim, da solidão, da surdez dos outros

Conheci o amor nas ondas da morte

A morte não me levou, mas o amor partiu

Farto do meu hálito e dos meus velhos poetas

Valha-me o deus Baco, os outros…

Os outros, há muito que me abandonaram

Neves Braga, Nov2013

sexta-feira, julho 26, 2013

Custa-me Sorrir




Custa-me sorrir
Quando a saudade flagela
E o tempo carregado
Lembra um brilho no olhar
Um sorriso fraterno

Custa-me sorrir
Quando olho a bancada
Relembro conversas banais
Um cigarro ao balcão
A alegria na simplicidade

Custa-me sorrir
Quando o sol perde a luz
A vida passa numa peneira
E sinto uma cruz
Num corpo dorido

E se sorrir?! 
Se Sorrir...
Engano a dor
Minto ao mundo
Pois, as saudades de Ti
Não findam