Nada mudou,
O álcool mata-me devagarinho
E consola-me a negra alma
Alimento-me de palavras
As que desfaço contra o silêncio
da indiferença
As que maltrato, na cândida
folha de papel
Vivo entre paredes e um telhado
que mete água
Não saio à rua, não suporto ver
o brilho dos olhos dos outros
Os meus estão baços de tanta
injustiça solta
Em cima da mesa, tenho escritos de
ontem
E côdeas de pão bolorentas que
mordisco
O copo de vinho, sempre vinho
cor de sangue
No velho gira discos, roda sem
cessar Joan Baez
Canta agora: “Black is
the colour of my trues love hair”
A nostalgia invade o ar que
respiro
Leio o poema “Ortofrenia” de Mário
Cesariny
Fala de mim, da solidão, da
surdez dos outros
Conheci o amor nas ondas da
morte
A morte não me levou, mas o amor
partiu
Farto do meu hálito e dos meus
velhos poetas
Valha-me o deus Baco, os outros…
Os outros, há muito que me
abandonaram
Neves Braga, Nov2013
Neves Braga, Nov2013
1 comentário:
Muito bom!Parabéns ao autor, e um grande abraço Amigo César!
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