domingo, junho 03, 2007

"Novos Ricos", versão Lusitana


Quando se diz que o País está empobrecido, a crise económica aguça o desemprego, a fome espreita aqui e ali, o mal estar social generaliza-se, emerge com cada vez maior relevância uma classe: a dos “Novos Ricos”.

Para que não haja dúvidas não tenho nada contra os ricos (tomara que todos, mas todos sem excepção, fossemos ricos), mas os “Novos Ricos”, são, assim como que especiais…

Há maneiras várias de as pessoas enriquecerem, à laia de exemplo:

Ø Herança. Herdar um imenso património ou contas chorudas em bancos nacionais e estrangeiros, normalmente deixados pelos pais, mas também pelas tias solteironas, padrinhos sem família ou amigos desamparados;

Ø Sorte ao jogo (licito ou ilícito) ou da aposta certeira nas acções daquelas empresas no tempo e hora certa, no outro jogo, o jogo da Bolsa;

Ø Negócios emergentes ou não emergentes, que poderão passar ela especulação imobiliária, construção civil, importação e vendas produtos made in China (Índia, Paquistão, Tawain , etc.);

Ø Mais contrabando, narcotráfico, contrafacção, tráfico e exploração sexual de mulheres e crianças, armas, diamantes, jogadores de futebol.

Propositadamente escamoteei uma outra forma de alcançar a riqueza, a que se traduz através do trabalho, sério, honesto. É um valor cada vez mais desprezado por esta sociedade globalmente global. Se trabalhando seriamente alguém enriquece, uma excepção e um case study se torna, pois trata-se de um forma frustrada de alcançar a riqueza.

O “Novo Rico” que falo, destaca-se dos comum dos cidadãos, não se misturando com o Alberto da mercearia, ou com o Zé do talho, ou o Manel que trabalha na arte de pedreiro, ou… comigo! Não! Destaca-se. Pertence a várias Associações e Clubes, talvez a um Partido Liberal, caça em reservas espanholas e amiúde desloca-se ao Quénia para caça mais grossa; claro, joga Golfe e tem uns quantos carros antigos; uma mulher oficial e umas quantas amantes, adoram lagosta e caviar (digo, eu…).

“Novo Rico”, adopta um sotaque snob, mastigando lentamente as letras das palavras de modo diferenciado de todas as outras pessoas; num cumprimento, estendem a mão não exercendo qualquer pressão na mão do cumprimentado.

Normalmente como cartão de visita apresentam um carro à sua imagem e semelhança, com performances iguais à carteira (ou pseudo-carteira). O que importa é o dever de poder parecer que se está bem na vida, acima de tudo e de todos.

Ás vezes a crise também lhes bate à porta, e a prestação do carro aperta o coraçãozinho do “artista”, pede-se dinheiro emprestado aos familiares mais próximos, este mês não se come em restaurantes de luxo (nem fast food), mas estejam descansados caros leitores, estes “Novos Ricos” nunca assumem estas crises, nunca dizem a verdade. Isso seria o descrédito total. Há que fazer um esforço para se manterem na crista da onda, presença nas festas sociais, montra de fatos e vestidos de encantar, férias na neve, Ibisa e Allgarve (já a versão moderna, que aqui não se brinca).

São os “Novos Ricos” da minha amada Pátria em “que parecer é bem mais que ser”.

Post inspirado no texto: "De bimbus riquissimus modus", in "A história maravilhosa do País bimbo" de Pedro Barroso.


9 comentários:

Tozé Franco disse...

Os patos bravos andam aí!...
Faz-me muita impressão estes novos ricos e a importância que se lhe dá.
Sinais dos tempos, infelizmente.
Um abraço.

Anónimo disse...

Muito há que, tirando-lhe os óculos escuros, que também servem para ler o jornal no Metro, e virando-os de pernas para o ar, sacudindo bem, nem uma moedinha cai do bolso.

Um abraço da raia.

Manel do Montado disse...

Em Portugal há uma economia paralela e o culto do xicoespertismo. Daí não é de admirar a pategada que por aí se vê armada em fina.
Um abraço

Um Poema disse...

"Novos ricos". Atrás deste conceito quanta safadeza?!...

Obrigado pela visita.

Um abraço

rpviolino BATUTAMAN disse...

Mas eu "gosto" mesmo é dos outros, daqueles que até pagam para serem convidados em festas organizadas por grandes empresas ou revistas. E porquê?!
É isso mesmo, como sabem que andam por lá muitas Câmaras de filmar,fotografos e pseudo jornalistas, vai de aparecerem,"lindinhos/as" tipo emplastros a darem nas vistas. Há até quem seja profissional, neste trabalho "arduo" de fazer como hei-de dizer...monte?!( é forte mas não me ocorre mais nada)
Bom, o certo é que depois começam a ser "famosos" por aparecerem nas colunas sociais, mostrando casas e roupas alugadas prepositadamente para o efeito, e na volta, estes pseudo ricos, não têm praticamente onde cair mortos. E esta moda pegou mesmo!
Basta ver alguns deles ao dia de semana durante a manhã a falarem e a opinarem em programas de Tv,como se fossem muito importantes ou como se falassem de coisasimportantes.
Enfim!!!!!
Batutaman
PS. Obrigado pela postagem no meu blog. abraço.

Ka_Ka disse...

The year's at the spring,
And day's at the morn;
Morning's at seven;
The hill-side's dew-pearl'd;
The lark's on the wing;
The snail's on the thorn;
God's in His heaven-
All's right with the world!

olho_azul disse...

Realmente um tema muito pertinente! Ele há tantos por aí...
Obrigada pela visita ao meu cantinho e pelas suas palavras.
Um abraço

a d´almeida nunes disse...

Pois é, meu amigo.
Mas também há os ricos que nasceram com o "cu virado para a Lua".
Não digo todos, mas uma grande parte desses, são uns imbecis da pior espécie. Refiro-me aos que, actualmente, rondarão os 50 e tal anos, mas que uns até usam peruca, que é para dar ares de mais jovem e poder continuar a engatar "umas gajas".
Vamos lá a esclarecer. Estou talvez a particularizar um pouco, tenho que o confessar. Mas há muitos bichos destes. Filhos de gente que se fartou de trabalhar, construíram empresas (aquelas ditas PME que até Têm andado a aguentar a Economia, não sei é durante quanto mais tempo). Nunca se deram ao trabalho de estudar, de evoluir mentalmente/intelectualmente. Em suma têm o dinheiro que os papás se fartaram de poupar e que, como não lhes custou nada a ganhar, esbanjam, que já têm direito a uma reforma principesca. E os pais, já caquéticos, ainda a tentar remar contra a maré.
Esses "ricos" ainda por cima acham que o que é para pagar o trabalho dos outros é sempre uma exorbitância. Mas para meter no bolso é sempre pouco.
Pior ainda. Normalmente são uns "empatas". Nem fazem nem deixam fazer.
Irra, que hoje estou virado do avesso.
O meu amigo põe-se a puxar pelo pessoal.
Aqui está o resultado.
Um grande abraço

rascunhos disse...

Como o entendo.Há por estas bandas disso tb.
Cpts