domingo, janeiro 20, 2008

Os meus Chinelos Transexuais!...


O que agora são uns chinelos (foto) já foram umas fofinhas pantufas de pele e pêlo, tradicionais da Serra da Estrela. A minha comadre Dulce, ofereceu-mas para aí a uns 8 ou 9 anos. Suportar o meu peso de 100 kg, com a pena de ter que caminhar comigo enquanto circulava por casa, as pobres pantufas foram precocemente envelhecendo. Mas na verdade, o meu apego às coitadas já era tamanho, como cuidavam dos meus sensíveis pés no fim de mais uma jornada de calcorreada dentro de uns sapatos lindos, às vezes até engraxados, brilhantes, mas maçadores e nada flexíveis; quando ao fim do dia a minha intimidade com as pantufas era maior sentia-me como leve pássaro voando pelos cantos do universo, com lindas melodias de Diana Krall no bico (um pássaro culto, portanto...). Mas, como ia escrevendo, as pobres coitadas de tanto convívio com um gordo de 100 Kg, depressa se romperam, descoseram e já se arrastavam com alguma dificuldade entre a cozinha e o quarto, ou o quarto e o sótão, ou qualquer outra divisão da casa. Comecei a sentir que sofriam, a solução foi levá-la a uma clínica privada - dessas todas modernaças que agora abriram em tudo quanto é Centro Comercial – o Dr. Sapatilha (técnico especializado de calçado – antes: sapateiro), fez-lhe uma inspecção completa da ponta da sola ao salto e com voz de quem está muito seguro de si, disse-me: - Caro senhor, as suas pantufas estão com a saúde muito debilitada.

- Que podemos fazer por elas, Sr. Dr.?

- Cirurgia! A única hipótese é cirurgia!

- Cirurgia?! Mas Sr. Dr., que vai operar?

- Pois! É delicado, mas para as pantufas sobreviverem temos que lhe trocar o sexo.

- Trocar o Sexo?! Umas pantufas transexuais?!

- Calma. Calma. A única possibilidade de perdurarem é transformá-las nuns chinelos e isso só se consegue com a mudança de sexo das pantufas.

Pensei e repensei, não sabia muito bem se os meus pés quereriam conviver com umas pantufas transexuais. Mas, seria uma desfeita à minha comadre Dulce, que com tanto carinho me ofereceu as ditas infelizes, sentenciar-lhe a morte tão precocemente. Vai daí resolvi avançar para a cirurgia. Nesta sociedade de consumo imediato (como já diziam os “Táxi”) poderia ter optado por comprar umas novas, colocando estas no caixote de lixo, no entanto, o meu lado ecológico apelou-me para a política dos três R:
Reduzir, Reutilizar e Reciclar, assim decidi pela reutilização e com a mudança de sexo, operado pelo Dr. Sapatilha as minhas velhas pantufas estão uns maravilhosos Chinelos.

Cada vez que chego a casa e os calço, confesso que fico assim como que com um andar
diferente! Um andar novo, digamos.

Mas damos-nos muito bem, quer dizer os chinelos e os meus pés. Com esta intervenção cirúrgica evitou-se um resíduo e transformaram-se umas lindas pantufas num bonito par de chinelos, talvez os primeiros chinelos transexuais do Mundo!!!

terça-feira, janeiro 01, 2008

Um Bom 2008 para Nós... e Todos

As fontes sonoras de casa silenciaram-se minutos antes da meia-noite.
Fiquei defronte à mulher que mais Amo, mãe do meu filho. Contemplámos-nos demoradamente. Olhos nos olhos. Demos as mãos, em silêncio dissemos tanta coisa e coisa nenhuma. Os nossos corações falaram por nós e os nossos olhos sorriam, sorriam, sorriam...
Ouve-se o sino da aldeia. São as badaladas que anunciam que 2007 chegou ao fim... tlim-tlão, ouve-se a última, 2008 entrou sem cerimónias. Abraçámo-nos, num abraço forte e sem fim. Naquele abraço revemos o que foi este ciclo que agora se fecha e em sussurro proferimos os votos para o novo ciclo que agora começa. Saúde, muita saúde para nós e todos; trabalho que não falte; que o nosso filho atinja os objectivos traçados para o ano lectivo 2007/08, assim como os amigos e todos; sorrisos, sorrisos e mais sorrisos...
Não temos champanhe, nem passas, nem amigos connosco, mas temo-nos um ao outro nesta noite de balanço da vida que passa.
Ouço uma valsa lá longe, lá longe onde o tempo não espera e avança. Apetece-me dançar, mas... não conheço os passos da valsa... nem da valsa, nem do tango, ou do vira, ou fandango, não sei dançar, pronto! A música aproxima-se, aproxima-se cada vez mais, levanto-me num ímpeto, peguei-lhe na mão com leveza e arrastámo-nos pela sala ao som da bela valsa - sei dançar! Gritei.
E bailámos até o cansaço nos derrotar.
Um Bom 2008... para todos!