Seria um fim de semana diferente, em tudo diferente. Saí de
casa com um misto de preocupação e ansiedade, o pé no acelerador tocava de
ligeiro, o carro embalava calmo pelo IP3, mas lá foi indo. Já na estrada das
Levadas, cada curva presenteava-me com uma história da minha já longa vida. A
imagem da minha saudosa Mãe presente, o carro lá avançava, devagar, sem
percalços, levando-me ao encontro do passado, construindo a partir deste
instante um novo futuro.
Finalmente,
chegámos. Pousar as malas e dar um abraço a meu Pai. Eu ,de olhos cheios de um
oceano verde de esperança, senti a força dos seus débeis músculos, antes
fortaleza da casa.
Desde os meus 8
anos que tal não acontecia, ir a casa de meus pais e não ter um café para
servir, uma taça tinto ou branco consoante a vontade do cliente, um bacalhau à casa,
ouvir uma boa discussão sobre politica, retirar da casa de banho das senhoras
umas cuecas imundas e uma dentadura, dois ou mais homens ao soco, almoçar ou
jantar aos “soluços” conforme a chegada dos clientes, não ir ao futebol porque
não se podia deixar o balcão, aprender sobre a vida dura e crua, tomar
consciência politica, transformar-me também no que ainda hoje sou.
O ritual
continuou, continuou até ao dia 06 de Agosto deste ano. Apoderou-se-me um misto
de raiva e alegria e uma tristeza imensa porque uma coisa é uma coisa e as
coisas são como elas são.
Texto este que terá continuação…
Texto este que terá continuação…
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