quarta-feira, agosto 31, 2011

Amo o mês de Agosto.

Amo o mês de Agosto.

Desde sempre que sinto um grande fascínio por este mês do verão, tradicionalmente vocacionado para os Portugueses tirarem férias, embora este ano tenha sido um mês atípico, com chuva e algum frio, mesmo assim… Amo o mês de Agosto.

Adoro a praia apinhada de gente, lancheiras com tinto, cerveja e o franguinho de churrasco, mais o belo do croquete, os bolos de bacalhau e o arroz de tomate. A areia a escaldar os pés, faz a delícia de qualquer calcanhar bem tratado. E os cãezinhos à beira-mar?! Que bonito!... Como fico comovido com a preocupação dos donos quando os canídeos têm necessidades fisiológicas, carinhosamente fazem uma cova, logo ali, na areia e voilá, retrete improvisada num instantinho.

Maravilhoso é estar exposto ao sol, horas sem fim, ora de um lado ora do outro, assim como o frango de churrasco quando está na brasa. Perde-se a brancura da pele, mas ganha-se um novo colorido, tipo chocolate de leite, em alguns casos mais leite que chocolate e noutros mais chocolate do que leite. O colorido dos fatos de banho (calções, biquíni, monoquíni, etc.), com esqueletos dentro, a jogar volei, ou pontapé para a frente, sem esquecer as raquetes, sem dúvida bonito. Os maridos ciumentos, mais os rapazes a mostrar o seu desenvolvido “caparro” às moçoilas casadoiras, as bolas de Berlin, a bolacha Americana e os gelados, ai… que bom comer um Epá debaixo de calor tórrido, de tirar a respiração. Uma suecada, ou o jogo do burro, ou os gritos do puto que quer ir ao mar mas a mãezinha não deixa: - “Toninho, não vez que estás a fazer a digestão!”, ao que a avó, diz: -“Deixa lá ir o menino, já passou uma hora e meia.”

Podia perfeitamente ir para a praia no estrangeiro, tenho posses para isso e muito mais. Mas para quê?! Não é necessário e assim sempre se poupa. Pelo menos as praias que frequento, são muito à frente, fala-se muito estrangeiro – principalmente francês – e como os estrangeiros também já falam português, ainda há dias assisti a uma esmerada mãe a dizer ao seu filho: “Michel, viens ici, viens ici. Se te afogas eu mato-te!”, bonito né?! Eu acho.

Para chegar à praia Km’s e Km’s de tráfego intenso, ou mesmo de fila, parece um tormento, mas não é. Atentamos: como o meu Mini de 1976, não tem ar condicionado, depois de 60 Km’s percorridos perdi no mínimo, 2 Kg de peso de tecido adiposo e pelo menos 2 litros de água, que terei que repor em forma de cerveja, fresquinha e loira. Depois, quando estamos em fila, sempre ouvimos bonita música, emanada alta e com bom som de carros com os vidros todos abertos conduzidos pelos nossos queridos emigrantes (não quero generalizar, só se aplica aos que têm muito bom gosto, já se vê). Em Agosto, sempre tenho oportunidade de ver passar pelo meu Mini, autênticos bólides, que me deixam bestificado, tal o deslumbre, ainda mais se tiver em consideração que o Mini só sai da garagem em Agosto, ou aquando de alguma ida às urgências hospitalares, pois durante o ano circulo de bicicleta e ando a pé. E a velocidade a que passam?! Diabólico, estonteante.

Casamentos?! Sim! Casamentos… são em Agosto! Eu sei, há quem se case noutros meses do ano, eu por exemplo, se algum dia me casar será em Fevereiro ( a 28, para ser mais exacto). Mas não há nada que chegue a um casamento no mês de Agosto. Será o calor?! Não sei, mas sente-se que o amor anda no ar. As indumentárias de cerimónia saem do guarda-fatos (expressão bonita, esta), as mulheres ficam mais bonitas e os homens mais esbeltos e atractivos. Antes da ida à Igreja, vai-se ao café lá do sítio e bebe-se uns maravilhosos martinis com cerveja ou moscatel com gasosa e assim fica-se pronto para devorar os acepipes da boda, que tem como auge o leitão à Bairrada e o pôr-do-sol. O pôr-do-sol, deveria chamar-se: “pela noite dentro” ou “vem ver a Lua”, já que o bolo de noiva (e do noivo, já agora) só se parte lá para a meia-noite. O jovem do teclado, dá música para todos os gostos e os corpos abanam freneticamente ao som daquele rock and roll, descansam em gestos suaves e cálidos de encontro a outro corpo, num slow de encantar; ou mais frequentemente, salta-se e em carruagem por entre as cadeiras e as mesas, puxa-se para a dança os convivas mais tímidos que a um canto observam por entre um copo e um camarão cozido.

È em Agosto, que se dá a chamada reentré política. Após uma merecidas férias, os senhores políticos, fazem-se à vida. Lá se fazem umas festas comícios, com as críticas ou os anúncios do costume, com os do costume, que nós, os comuns mortais gostamos e aplaudimos no fim. È incrível como estes senhores e senhoras pensam em tudo. Têm tudinho pensado para cuidar da nossa vidinha, passam dias e dias, fins-de-semana e feriados a cogitar na melhor forma de melhorar a nossa vida, a vida da comunidade, o nosso Portugal. Não temos que nos preocupar, apenas pagar os impostos, tomar uns antidepressivos, viver pior que ontem e esperar pelo mês de Agosto do próximo ano, que a praia espera-nos.

Como amo o mês de Agosto…