segunda-feira, fevereiro 07, 2011

A CANTIGA AINDA É UMA ARMA !!!

O repentino e natural êxito que a canção "Parva que Sou" dos Deolinda obteve, leva-me a pensar de forma simplista, bem sei, que a Cantiga ainda é uma Arma. Esta canção está a ser adoptada como canção protesto, por esta crise que passa e teima em ficar, de protesto por esta classe politica medíocre que supostamente nos governa ou quer governar e por uma oposição ávida de poder e não menos medíocre. Leva-me a um outro tempo, não muito longínquo, mas que muito bem recordo (relembro os meus cabelos brancos), das cantigas que abertamente, livremente e definitivamente entoaram após a revolução de 25 de Abril de 1974. Cantigas criadas após Abril de 74, mas tantas e tantas nascidas na noite escura do Salazarismo, ouvidas à escondida da policia politica e dos bufos de então e que foram a outra face da revolução, pois, a verdade, eu assim acredito - A Cantiga é uma Arma!
Desculpem, caros leitores, pode ser demodé, mas cantigas na voz de: José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Pedro Barroso, Sérgio Godinho, Padre Fanhais, José Mário Branco, Luís Cilia, Manuel Freire, Ermelinda Duarte, Fausto Bordalo Pinheiro, Vitorino, Janita Salomé e outros que a minha memória já não alcança, confesso, ainda me fazem vibrar, tantas vezes comover até ás lágrimas, sabem que mais?! A CANTIGA AINDA É UMA ARMA !!!

terça-feira, fevereiro 01, 2011

Espelho Meu

Hoje, olhei-me de novo ao espelho.
De quem seria aquela imagem reflectida?!
Não reconheço em mim aquelas rugas
O cabelo branco de meus avós
O olhar baço de um marinheiro com saudade
Peles flácidas, lembrando fraquezas
Narinas e orelhas pubescentes
Semblante triste, marcado pela dor
Deste tempo que passa, depressa
E eu… sem norte ou esperança
Ziguezagueando como um bêbado
De saudade da pele luzidia
Do cabelo florescente em mim
Olhar vivaço de criança curiosa
Alegre, dando saltos para a vida
As paixões! Tantas vezes caladas no silêncio do luar
O Amor… Sim Amor! Como te amo tanto!
Quero-te, como naquele tempo
Mais, talvez. Agora que te conheço como as marés
No mais profundo do teu olhar
Revejo a minha alma, o passado em película
O calor das tuas mãos, os teus lábios quentes
Agitam o sangue que ferve em mim
O coração não balança, bate por ti
Bate forte, em cada batida recorda-te
Cada recordação, torna-me eternamente jovem

Neves Braga