quinta-feira, dezembro 23, 2010

Lembrar Amigos no Natal

Esquecer que o Natal é celebrar o nascimento de Jesus Cristo é esquecer que Jesus deve ser o exemplo vivo agora e todos os dias; é esquecer que Ele perdoou Maria Madalena e livrou-a do pecado; é esquecer que recuperou a visão aos física e espiritualmente cegos; é esquecer que foi solidário com os pobres e trouxe independência aos que estavam feridos; é esquecer que nasceu para nos salvar.


Natal é unir a familia e porque não lembrar os amigos, mesmo aqueles que não vemos há muito (muito tempo) mas estão no nosso coração?!


Porque a inspiração me falta e a amizade é sempre para relembrar… de Fernando Pessoa:





"Um dia a maioria de nós irá separar-se.
Sentiremos saudades de todas as conversas atiradas fora,
das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos,
dos tantos risos e momentos que partilhámos.

Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das
vésperas dos fins-de-semana, dos finais de ano, enfim...
do companheirismo vivido.

Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre.

Hoje já não tenho tanta certeza disso.
Em breve cada um vai para seu lado, seja
pelo destino ou por algum
desentendimento, segue a sua vida.

Talvez continuemos a encontrar-nos, quem sabe... nas cartas
que trocaremos.
Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices...
Aí, os dias vão passar, meses... anos... até este contacto
se tornar cada vez mais raro.

Vamo-nos perder no tempo...

Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e
perguntarão:
Quem são aquelas pessoas?
Diremos... que eram nossos amigos e... isso vai doer tanto!

- Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons
anos da minha vida!
A saudade vai apertar bem dentro do peito.
Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente...

Quando o nosso grupo estiver incompleto...
reunir-nos-emos para um último adeus a um amigo.
E, entre lágrimas, abraçar-nos-emos.
Então, faremos promessas de nos encontrarmos mais vezes
daquele dia em diante.

Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a
sua vida isolada do passado.
E perder-nos-emos no tempo...

Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não
deixes que a vida
passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de
grandes tempestades...

Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem
morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem
todos os meus amigos!"



segunda-feira, novembro 22, 2010

Ando (de) descapotável

Estou um desatino. É que estou mesmo desatinado, em completo desvario, um inteiro delírio, uma febre, sinto-me alucinado! Não! Não é por causa da crise (a culpa dessa como todos sabemos é do Sócrates), a cimeira da OTAN também não me afectou, gostei de ver a "besta" do Presidente Americano, já que gosto muito de carros e este é um autêntico gadget que desliga a rede dos telemóveis por onde passa, entre outras habilidades (acho que até faz o pino). As reformas do Sr. Presidente da nossa República, também não me interessam, são dele e concerteza descontou muito e durante muitos anos, principalmente a reforma que aufere do Banco de Portugal. Eh, pá! E o FMI?! Vêm para aí e o carago (que linguagem…), estamos todos lixadinhos; sabem como diz o José Mário Branco?! “O FMI que se f… “ (que linguagem outra vez, nem parece teu). Nem o facto de o meu cão mais novo – o Boris – ladrar com vozinha fina para o cão do meu vizinho, tipo: “ai, ai que lindo rabo a dar, a dar”. O limoeiro que não dá limões há bué (de novo a linguagem, estás a abusar). O carro avariou e está na oficina, cá por casa andamos todos doentes (eu da cabecinha) e o meu desatino nada tem a ver com o relatado, podem crer.

A verdade, verdadinha, é que o arco-íris da minha vida está pintado a preto e branco. Fui cortar o meu cabelo e descobri, só agora, só agora por infortúnio, deslindei que estou a ficar sem cabelo, já claramente calvo, muito perto da careca. Sem saber muito bem porquê não cortava o dito há alguns meses, daí a farta cabeleira tapar as misérias de uma cabeça a descoberto. Porventura portei-me mal e será um castigo divino, ainda pensei. Mas não, senão já estaria careca há muito tempo. Poderá ser da poluição?! Lembro-me de em tempos ter lido um estudo que apontava a poluição como uma das causas para a calvície, mas… calma aí, vivo no campo. Da poluição não será. Hum… será daquele champô que produz muita espuma e tem um aroma a maças silvestres?! Não! Pois aquele rapaz vedeta de telenovelas e publicidade televisiva, usa o mesmo produto (li numa entrevista) e tem farta cabeleira. Embora os pelinhos do corpo desaparecessem por completo, dizem que parece um metro sexual – nunca percebi o significado desta expressão, será que são as pessoas que levam para o metro o sexo a passear?!... Bem, da pilosidade não me queixo, com excepção da cabeça, já sabemos. Logo não será do dito champô. E a genética?! Será genético?! Hereditário?! Oh, pá! Se calhar Sim! Se pensar um bocadinho, na minha família paterna todos são carecas, desde o meu pai, passando pelos meus tios e o meu irmão 12 anos mais novo também vai lançado para a obtenção de uma cabeça livre de penugem.
Bom, mas afinal qual é o drama? Desde inúmeros carecas famosos, a outros que o não são mas rapam o cabelo para o serem, e depois?! Depois sempre posso afirmar que ando descapotável, assim como que, com os cabelos ao vento… mas sem cabelos.

quinta-feira, novembro 11, 2010

S.Martinho faz uma boa acção.

Hoje temos um texto da minha afilhada Alexandra de apenas 8 anos de idade.
A Alexandra desde muito, muito pequena, que adora ler, sendo as suas prendas preferidas... livros.
Assim sendo, aí vai:

Certo dia, S. Martinho foi dar um passeio de skate ao Parque Verde.
Enquanto ia a passear, e como já não lhe apetecia andar a passear no Parque
Verde, viu o seu pai, aproveitou e perguntou-lhe:
- Pai, posso ir à FNAC???-Perguntou S. Martinho.
O pai respondeu:
- Sim!!! Mas se encontrares um Mendigo não lhe dês dinheiro, porque ele pode ir
comprar algum cigarro, e o dinheiro é mal gasto, ainda por cima estamos a entrar em
crise!!!
- Ó pai!!! - Disse o S. Martinho cansado de ouvir aquelas coisas.
- Ai! Não me interrompas S. Martinho,continuando, vai com ele e compra-lhe um pão e uma água e outras coisas mais – disse o pai.
S. Martinho, demorou quinze minutos a chegar à FNAC, pois estava distraído a
ouvir música no seu MP3.
Quando entrou na FNAC disse:
- Uau!!! Tantos livros!!!!
Passados dois minutos...o livro que lhe interessou mais foi o do Geronimo Stilton,
e quando rodou a cabeça para o lado direito viu um mendigo a pedir comida e não dinheiro.
S. Martinho chegou ao pé do mendigo e disse-lhe:
- Eu vi o senhor a pedir comida, por isso pode vir comigo ao café Nicola, beber uma
água e comer um pão.
Depois de o mendigo ter comido tudo S. Martinho foi pagar o comer, a seguir o
mendigo disse:
- Obrigado rapaz!!! Estou-te muito grato!!!!
E assim S. Martinho conseguiu fazer uma boa acção.

Alexandra Santos, sem a ajuda dos pais.

quarta-feira, outubro 27, 2010

O Jogo da Bola

No País o que mais se discute é o Orçamento de Estado para o próximo ano, até aí tudo bem. Como é um instrumento de Governabilidade muito importante, o de este ano tendo em conta a crise que continuamos a viver mais importante se torna, ok. Estamos entendidos.
Governo e PSD, durante cinco dias reuniram-se para um eventual acordo, não alcançado. O que me choca é a reacção dos protagonistas após as falhadas negociações, faz-me transportar ao tempo da minha Escola Primária. No recreio jogávamos à bola, dois "lideres", escolhiam os parceiros e assim formavam-se duas equipas. No inicio, tudo corria bem, à medida que o jogo da bola decorria, começava a batota, a falta que não existiu, o penalti que não foi marcado, a bola que entrou na baliza mas não foi golo, as caneladas e ás vezes tudo acabava à chapada. Estas reuniões entre Governo e PSD, parecem-me o jogo da bola do meu tempo de escola, mal acabou a "partida", lá vem os protagonistas a correr para defronte das cameras dizendo mal uns dos outros, que esperaram muito tempo sentados, que este não quer e aqule também não, enfim, as tais caneladas...
A minha esperança, é que, tal como acontecia no recreio da minha Escola Primária de Portomar, no fim das peripécias do jogo da bola, lá faziamos as pazes e amigos como dantes, quero dizer, blá, blá, blá... mas o orçamento passará.
Tenho dito.

sábado, outubro 23, 2010

Negra Alma

Hoje somos presenteados com um texto de Neves Braga. Conheço Neves Braga, desde o inicio dos anos 60 do século passado. Miúdo reservado, tímido, mas muito curioso e perspicaz. Os anos foram passando, e hoje, com quase cinquenta anos, o Neves Braga, com o seu 1,90 e 100 kg de peso, cabelos (poucos) desgrenhados e compridos, deixou o ensino e dedica-se à escrita, assim como ao aprofundamento das castas do vinho que mais gosta, nomeadamente a casta baga, que como se sabe está na origem do vinho da Bairrada.
Desiludido com a vida, revoltado com os estado das coisas, frustrado com os vários (des)amores da sua vida, fui encontrá-lo entre uma garrafa de vinho a meio e um monte de papeis semi-escritos, disse-me: “senta-te e bebe um copo, já te dou o teu texto”…


Teremos alma?!
Eu tenho! É negra!
E negrume é a sua alegria
É raiva à solta
É revolta contida
Mar agitado
Tornado destruidor
Alma, sem amor
Carvão é a sua cor
Inferno o seu destino
Tortuoso o seu caminho
Por entre veredas
Escuras, húmidas
Serpenteando a vida
Tropeçando nos Deuses
Mergulha na escuridão
Nessa noite contida
Onde perdidos
Nos encontramos
No alto da serra
Incendiada de Luz
Que queima a paz
Conduz a guerra
Dos desencontros
Desta vida morta
Que não ressuscita
Holofotes cegam-me
Vivo na penumbra
A Sombra é a minha vida.

Sim! Eu tenho alma!
É minha! É negra!
E negrume é a sua alegria

segunda-feira, agosto 23, 2010

Excursão à Praia


Estamos em pleno verão. Muito calor, o sol a brilhar, biquínis na praia, a areia a escaldar, o mar mais ou menos sereno, como no verão. Por força das nossas travessuras a Mãe natureza presenteia-nos com temperaturas anormalmente altas, nós ajudamos com as matas por limpar, o fósforo criminoso, alguns ventos fortes, e aí está a confusão instalado tirando vidas a heróicos Bombeiros e o desassossego de populações inteiras. A todos os Bombeiros o meu grande Obrigado e a minha homenagem!

Toda esta conversa, apenas para relembrar que estamos no verão e que verão lembra praia (da qual pessoalmente não sou adepto), mas que me fez lembrar o meu compadre Zé, num certo dia no litoral. O meu compadre Zé (e também a minha comadre Maria) adora excursões. À uns anos atrás (quando o verão ainda era verão) decidiram ir numa dessas viagens organizada pelo Sr. Presidente da Junta, ou pelo Sacristão da Paróquia, já não me recordo bem, a uma praia da zona de Peniche. Durante o caminho esgotou-se o reportório do Tony Carreira e família, mais Ágata, Emanuel e umas quantas cantigas do setubalense Toy. Paragem a meio da manhã para “verter as águas” e esticar as pernas que a idade já não perdoa, mais um bolo de bacalhau e um copo de branco, para acalmar o estômago que a esta hora já tinha dado recado da malga do café e do bocado de broa com marmelada caseira. Lá subiram para a “camioneta da carreira” e agora de garganta mais fresca, toca a reassumir o reportório das cantigas, sempre acompanhadas pelo cavaquinho do António Assobias. Por volta do meio-dia, num pinhal perto de Peniche, foi ver a caruma (ou fagulhas, ou agulhas, ou bicos, consoante o local de onde esteja a ler) coberta de mantas de farrapos coloridas, caixas de plástico de onde surgiam como por magia: arroz de tomate, pernas de frango frito, coelho estufado, frango de churrasco, bolos de bacalhau, rissóis e até feijoada que alguém levava. Não esquecendo os garrafões de tinto e branco (especialmente tinto) e umas quantas cervejas ainda frescas.
Depois deste repasto e ao som do cavaquinho do já citado António Assobias, dançaram-se umas modas para ajudar à digestão, já que o estômago estava bem pesado e assim a dança sempre ajudava a remoer. Findo o bailarico, lá seguiu o passeio directo ao seu destino final, a tal praia lá para os lados de Peniche. Chegados, dispersaram-se pelo areal, fino e duro, onde surfistas equipados a rigor tentavam mostrar as suas habilidades, embora sem sucesso já que a acalmia do mar não o permitia. Lá mais longe, observava-se o arquipélago das Berlengas (ilha da Berlenga, Farilhões e Estelas) importante pela sua fauna e flora.
Perante este quadro, o meu compadre Zé, arregaçou as calças e vai mar adentro aí uns quinze metros, que a maré estava baixa e a água aprazível, de repente, deu um salto, caindo de costas no oceano, bracejava e gritava algo que ninguém entendia. Quando finalmente saiu da água, puxado pelos outros excursionistas e estendido na areia quente, lá conseguiu dizer:
- Anda aí uma garoupa de óculos escuros tipo “RayBan”. Que susto, que susto...
Um veraneante contou que possivelmente o que o compadre Zé tinha observado, foi os seus óculos Rayban, que tinham caído à água em cima de algum carapau. Mas, não senhor! Foi uma garoupa de óculos escuros – afirmava o compadre Zé, completamente certo do que afirmava.
Assim, e mais para o fim do dia, depois do Zé ter secado a roupa (tendo ficado todo o tempo em ceroulas), bebido mais uns copos e comidos uns quantos rissóis e croquetes feitos pela D. Celeste, mestre de culinária e má língua, lá foi o pessoal para a camioneta da carreira, enquanto o António Assobias lá tocava no seu cavaquinho e cantava:

De óculos escuros
Andava uma garoupa
Nadando de costas
Com uma grande poupa

O Zé foi ao mar
Molhou as ceroulas
Uma garoupa a nadar
Deu-lhe um ramo de papoilas

Ainda hoje, o tema é debatido na taberna do Ti João do Bacalhau, e a dúvida persiste. Será que a garoupa era mesmo uma turista de óculos de sol vinda dos Açores até terras de Peniche? ...
E quem sabe?! ...


sexta-feira, julho 30, 2010

Sentimentos

Hoje, no dia em que faleceu o actor António Feio, sou a publicar um pequeno "poema" em memória da minha colega e amiga Margarida, que também nos abandonou num dia de Julho (26). No dia 26 de Julho de 2010, escrevi umas quantas palavras em sua homenagem, como sempre o faço desde que desapareceu por esta altura do ano. Estas, não as publiquei no PopulusRomanus, guardei no meu baú, mas, hoje entendi que as mesmas palavras (singelas e simples) também serviriam para uma breve homenagem ao Sr. António Feio, e a todos os que partiram para aquela "Estrela" que nos sorri com um brilho especial.

Há uma estrela
Que nos aquece e sorri
Um rio de pranto
De águas claras
Um belo canto
Que ouvi
Um afago amigo
Um murmúrio quente
E estremeci!
Então percebi...
Amiga és tu.

sexta-feira, fevereiro 19, 2010

Está tudo de Pantanas!

Está tudo de pantanas! Estamos todos malucos! O Zé continua a ser o Zé, leva e cala, os ricos e poderosos, continuam isso mesmo, ricos e poderosos. Não, não tenho absolutamente nada contra os ricos, bem antes pelo contrário, tomara que todos, mas todos sem excepção fossemos ricos. O que me entristece é o número crescente de pobres, a crise internacional não é responsável por tudo, também não vou cair na crítica fácil e dizer que a culpa é do Governo, deste Governo, não! Mas grito, que Abril não se cumpriu na sua plenitude, a diferença entre ricos e pobres é gritante e exemplificativa.
Está tudo de pantanas! Ouvimos o Sr. Primeiro-ministro, justificar-se na TV, em horário nobre, pois claro! Fez-me recuar no tempo, até aos anos em que frequentei a escola primária, tipo menino queixinhas: ai, eu não fui, eu não fui, foi o menino Joãozinho. Ok. Entendo, eu não fui, mas para quê atirar as responsabilidades para os outros (comunicação social, oposição e companhia)?!
Desconfio que o país deve estar para reciclar (ou, na pior das hipóteses incinerar), pelo menos é um tal rei da sucata o protagonista (e sua corte, obviamente), dá cartas, distribui jogo, bate os trunfos e todos vamos vivendo, falando em surdina do que nos causa desconforto. Não duvido: Portugal é a nossa face, Portugal somos nós.
Está tudo de pantanas! O meu velho e fiel cão, já não abana a cauda quando me vê. O limoeiro do meu quintal, este inverno deu... laranjas. O sino da igreja da aldeia já não toca. A lenha que comprei para a minha lareira, arde, mas recusa-se a aquecer-me. O motor do meu carro silenciou-se.
Eu perdi cabelo e ganhei peso.
Este pobre blog torna a ter vida.
Bem-vindos! Está tudo de pantanas!