segunda-feira, maio 18, 2009

Caem Pétalas

Caem pétalas!
Sorridentes
Generosas
Fraternas
Amigas
Perfumadas
Caem pétalas...

Hoje, caem pétalas!
De uma estrela
Brilhante
Fulgurante
Que sorri
Caem pétalas...
Pétalas de Margaridas

segunda-feira, maio 11, 2009

Veneno de Serpente e Doce de Abóbora

Há muito, muito tempo, quando os animais ainda falavam, vivia na selva uma serpente muito bonitinha, sempre muito arranjadinha, escamas em gel e tal, rastejava com tamanha graciosidade que todos os animais lhe davam atenção. A serpente que se chamava Dorazinha, era muito bem falante, dominava várias línguas, abarcava uma vasta cultura e falava sobre tudo, desde politica à gastronomia, passando pelo futebol e pela moda. Quase uma líder, portanto. E digo quase, porque, astuta como todas as serpentes, dava um certo ar de modéstia (falsa modéstia), simulando às vezes uma certa pobreza de intelecto, o que confundia os seus vizinhos da floresta. Dorazinha, tinha um apurado sentido de audição, ouvindo aqui e ali, sempre escondida por entre as folhas dissimulando a sua presença, escutava e gravava na sua mente as conversas perscrutadas. Só por si, este acto de ouvir escondendo dos outros a sua presença, é por demais censurável e moralmente condenável, mas, a Dorazinha não se ficava por aqui, pois utilizando o que antes ouvira, espalhava por entre os outros habitantes uma versão conveniente a provocar mal-estar, mexericos, conflitos entre amigos e conhecidos, zangas entre compadres e comadres (sim, porque no reino animal deste tempo, também havia compadres e comadres), na verdade, espalhava veneno em alvos bem específicos. Era, portanto, uma serpente venenosa. Mas nem por isso dava muito nas vistas, passeando a sua beleza, de sorriso feito para todos, lá seguia no seu mundo de fingimento sem levantar suspeitas.

Na selva há sempre um chefe, melhor dizendo: uma Rainha. Sim! Uma Rainha! Porque sou eu que estou a contar esta fábula e não gosto do Sporting, prefiro o Benfica (apesar de ser da Académica) e portanto, nesta floresta quem manda é uma Águia (em vez do tradicional leão). A águia de nome: Célia, impõe grande respeito e é admirada pelos demais animais. Nos seus altos voos, a sua visão apurada permite aferir do que se passa no seu reino, e claro está, à muito que topa a serpente Dorazinha e os seus esquemas a alimentar a ambição que lhe vai no âmago. Não será de admirar, a conversa que a Dorazinha teve com o lobo Jaquim, adversário número um de Célia;

- Lobo Jaquim, já viste como a Rainha está cada vez mais altiva? Até parece que lhe pertencemos, que não temos vontade própria. E tu tem cuidado – disse Dorazinha – olha que ela traz-te debaixo de olho, eu até ouvi dizer que ela pretende enviar-te para os confins da floresta, onde tudo é deserto (como no Alentejo…) e pouco há que fazer.

Jaquim, nada disse, mas ficou-lhe aquela a remoer-lhe a alma e a paciência. Embora adversário feroz de Dorazinha, sempre fora sincero e leal para com ela. Tinha que a enfrentar.

Assim, ao fim do dia, o Lobo Jaquim foi ao poiso da Rainha, pedindo uma audiência com urgência ao que Dorazinha anuiu.

Disse-lhe Jaquim, com voz firme: - Excelência, apesar de não concordar contigo no modo como governas o nosso reino, sempre te fui fiel e franco, mas, dizei-me: por quereis que abandone este lugar e vá viver para os confins da floresta?

- Que falais?! Embora tenhamos divergências, como já assumiste, sempre te respeitei profundamente, pois sempre foste sincero nos teus dizeres, conto contigo neste feito difícil Jaquim que é governar o nosso reino, nunca me passou pela cabeça enviar-te para qualquer outro lugar. Mas, contai, quem te disse tal blasfémia?

- Hum!... Perdoai Rainha Célia. Fui induzido em erro pelo veneno expelido pela serpente Dorazinha.

- Bem me queria parecer – disse a Rainha – há muito que a vigio, de hoje não passará o castigo que tenho para ela.

A Rainha Célia, foi ter com o mago da floresta e pediu que este produzisse uma droga, capaz de transformar o veneno de Dorazinha em doce de abóbora.

E assim foi feito, de ora em diante a serpente Dorazinha teria que se apresentar 2 vezes por semana na botica do reino, para tomar a droga e cuspir todo o veneno que possuía no corpo, já sobre a forma de doce de abóbora. Este doce seria distribuído por todos os animais da floresta. Uma outra forma de provar do “veneno” da serpente.

Hoje, os animais já não falam, mas anda tanto veneno no ar…

sexta-feira, maio 01, 2009

Um Ano. Tantas voltas, tanta mágoa.

Um Ano! Poucos dias para perfazer um ano em que não alimentava este humilde e singelo espaço. Neste tempo, neste curto tempo de 350 dias, tanta coisa acontece... eu, à minha parte estou mais velho e mais pobre. Perdi pessoas importantes no meu trajecto como pessoa . Primeiro a minha boa sogra, em Junho partiu para habitar uma estrela já minha conhecida onde habitam outras pessoas que amo. Encontrámo-nos pela primeira vez acerca de 26 anos, sempre me tratou como se seu filho fosse, paciente, sempre pronta a ajudar mesmo com prejuízo próprio, apaziguadora, nos outros só encontrava virtudes mesmo que sinais contrários fossem mais que evidentes. Acolhedora, sempre com um café pronto para quem a visitava. Deixou muitas saudades e marcas nos que a conheciam e amavam. Penso que lho disse antes, também o direi agora: gosto muito de si, D. Silvina. Sinto a sua falta.


Muito pouco tempo depois, foi a vez do meu bom primo João rumar para a minha estrela preferida.

Mais velho do que eu 10 anos, lembro-me com ternura de quando miúdo o ver trabalhar a madeira com grande destreza, fazendo pequenos "mochos" onde nos sentaríamos à lareira, perícia esta herdada de seu pai mestre de carpintaria e poeta ás escondidas. Um amigo, que na sua motorizada me levava a dar passeios por entre as estradas que serpenteiam a serra. Partiu, lutou tenazmente contra a doença que o venceu, mas deixou uma marca profunda no coração de todos quanto o conheceram.

Foi-me diagnosticada uma doença, que embora não mate (só aos bocadinhos) me irá acompanhar para o resto dos meus dias. Deixou-me amofinado!

Este desabafo tão pessoal, não deveria constar deste espaço, mas foram estes factos a somar a mais uns quantos de somenos importância que motivaram o meu desaparecimento da blogoesfera.
Não estava preparado, fui-me abaixo, levantei-me a custo e ainda cambaleio. Têm sido dias difíceis, devia esta explicação ao PopulusRomanus e principalmente a mim mesmo, é como falar em voz alta e deste modo colocar "pensos nas feridas", a escrita para mim sempre foi uma terapia, desta vez é uma terapia partilhada.

Vou tentar estar mais presente.

Obrigado pela vossa atenção.

ManuelNeves