sábado, fevereiro 24, 2007

Uma Estrela que Brilha e Sorri

Quando observo o céu, há uma estrela que brilha mais que todas as outras. Ás vezes parece sorrir-me, num movimento lento e gracioso como que a querer abraçar-me. Pisco-lhe o olho, partilho com ela o meu estado de alma. Nos momentos mais incertos da vida como que lhe sussurro cá de baixo, ela responde com mais brilho e fico muito mais calmo e tranquilo.
Sei que nessa estrela moram: o meu irmão Luís Miguel, os meus queridos Avós, os meus amigos Luís Falcão, Licínio Buco e João Carlos e a minha colega Margarida, que num tempo partiram para longe, para muito longe e agora vivem naquela estrela. Na mesma morada vive um músico, um grande músico, mas fundamentalmente um homem de excepção, um cidadão vertical que tanto encanto e segurança dá aquela estrela, chama-se: JOSÉ AFONSO – ZECA AFONSO.

Hoje escrevo para ti e ao escrever para ti, redijo para quem contigo mora na estrela que me ouve e sorri. Tive a felicidade de te ouvir e ver em algumas ocasiões, de te tocar (num singelo cumprimento no ex-teatro Avenida em Coimbra – todo eu tremia, bem me lembro), és uma grande referência de vida, um exemplo que procuro lembrar em cada dia que passa, um rebelde solidário como alguém já te chamou.
Sabes, hoje que perfazem 20 anos sobre a tua partida, todos falam de ti, os que sempre falam e os outros, mas é bom que falem de ti, da tua vida, da tua luta, da tua constante preocupação com os outros, do dinheiro que não tinhas, da doença que te obrigou a partir. Dizia o Álvaro de Campos num seu poema, que depois da morte só se lembram de nós no dia em que faríamos anos de vida e nos dias em que fazemos anos que morremos, pois que assim seja; eu por mim, continuarei a falar Contigo e com os teus Companheiros de estrela sempre que a alma mo peça, dia após… dia.

Por aqui, neste “Mar Largo”, mora a “Incerteza” e a “Menina de Olhos Tristes” “Aquela Moça de Aldeia”, já foge, foge “No Comboio Descendente” dos novos “Vampiros” da democracia que ajudaste a fundar. O nosso País está a ficar cinzento, a miséria não espreita – já entrou, faz-nos falta a tua “Utopia”, eles não sabem, mas nós sabemos que a utopia faz parte da vida e quando chegar um “Maio Maduro Maio”, abriremos a voz como um “Cantar Alentejano” e em “Grândola, Vila Morena” e em toda a parte “O Que Faz Falta” é o “Pão que Sobra à Riqueza” ser equitativamente distribuído.
“Com as Minhas Tamanquinhas” procurarei ali, acolá e em “Terras de Trás-os-Montes” “Como se faz um Canalha” porque a fome já chega aos “Índios da Meia-Praia”, hoje são outros os “Fantoches de Kissinger”, mas eles andam por aí, disfarçados, com nomes vários espalhando terror por terras de Iraque, Palestina e controlando a economia mundial. Precisamos de “O Homem da Gaita” para que toque a “Chula da Póvoa” e que “Venham Mais Cinco” para cantar o “Hino à Liberdade”.
O Mondego recorda-te numa sossegada Balada, eu sinto uma “Dor na Planíce” das minhas emoções sempre que tentam dar uma “Canção de Embalar” no “Natal dos Simples”. “O País vai de Carrinho” e no meio da “Canção do Medo” não sabia se havia de me revoltar ou esperar pela “Canção da Paciência” entre “Verdade e Mentira”.
És o ”Menino D’oiro”, o “Senhor Poeta”, foste “Solitário” mas sempre Solidário.
Sei que tens “Saudades de Coimbra” essa do “Choupal até à Lapa”, também temos saudades da tua presença, mas tu estás entre nós e vives naquela Estrela que brilha tanto para mim!

AMO-VOS HABITANTES DA ESTRELA QUE BRILHA E SORRI!!!

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Dr. Cunha


Estava muito descansadinho a ver o Telejornal, quando uma notícia me fez soar uma qualquer campainha, tipo: onde é que já ouvi isto?! Dizia a dita noticia que Portugal está em 1º lugar no que toca a cunhas, daí a este espaço de escrita foi um salto e de facto, após uma breve pesquisa, constatei que a “instituição cunha” é tão velha quanto a nação ou ainda anterior á criação desta. Investiguei e descobri que D. Henrique de Borgonha (pai de Afonso Henriques) que enquanto cruzado ajudou o Rei Afonso VI de Castela e Leão na reconquista aos mouros o Reino de Galiza (que incluía o agora norte de Portugal) e foi presenteado por esse facto, com a mão de D. Teresa de Leão e o Condado Portucalense (hoje, um país da União Europeia, com vista para o mar, chamado Portugal). Dos meus estudos depreendo, que D. Henrique de Borgonha para que seu sogro lhe concedesse o Condado Portucalense, pediu a Garcia de Aragão, bispo de Pamplona, primo e amigo pessoal de Afonso VI , tendo inclusivamente ambos estudado na Tele-escola no ano lectivo 1055/1056???, que interferisse a seu favor.

Hoje, mil anos após, em que o Mundo e o ex-Condado deram largos passos no desenvolvimento dos povos, hoje, dizia eu, quando se levantam vozes em nome da democracia, da competência, da excelência, do desempenho, da imparcialidade… a dita “instituição”, detém um peso desmedido que não deveria fazer sentido nos dias que vão correndo, alguns mais académicos gostam de tratar a dita por “Dr. Cunha”,

À laia de exemplo, excluindo o já citado caso de D. Henrique, não é de estranhar que para arranjar trabalho só o currículo, mais os testes psicotécnicos, mais o perfil do candidato, mais o que for necessário concluir para o preenchimento do lugar, não cheguem?! Pois não! É preciso a “Cunha”!
Mesmo quando se está a trabalhar, assim, com um contrato de trabalho a termo certo… Não é, que é necessário uma “Cunha”?! Não! Não! Não é isso que estão a pensar, a pessoa é competente, executa de forma irrepreensível as suas tarefas, pontual, nunca faltou em 24 meses (excepto uma única vez para ir ao funeral da mãe) mas, não querem saber que o patrão, tem um sobrinho que não quer estudar mais e pronto… dava-lhe jeito colocá-lo no lugar da pessoa que tem o contrato a acabar. Dizem-me assim: - Ah! A lei não permite. Pois não! Mas também é proibido andar a mais de 120 Km/H na auto-estrada e todo o meu “people” anda!!!

Então e a Josefina, que casou com o meu primo (ainda que afastado – vive no Algarve) Zé Custódio, que lhe deu uma dor nas costas coitadinha e ficou em casa sem se mexer. Depois de muito tempo e vários exames, o médico foi peremptório: - só operando! Mesmo com carácter de urgência só daqui a 8 ou 9 meses é que terá vaga; ou então, na clínica onde trabalho, aí pode ser para a semana, vai é sair caro!
Um drama! A Josefina ainda falou com o meu primo Zé.
- Ó Zé, e se vendêssemos a vaca e os porcos?! Já viste o que é a minha vida aqui deitada durante 8 ou 9 meses?!
O Zé com pena da mulher ainda fez umas contas, mas mesmo vendendo os animais, além de ficarem sem sustento não daria para 1/4 do custo da operação. Repentinamente lembrou-se da Srª. Dª. Alexandrina, a senhora da casa rica lá da aldeia, ela tinha um filho médico em Coimbra. Lá falou com a Srª. Dª. Alexandrina e mês e meio depois, já estava a ser operada. O Zé matou a vaca e encheu a arca da Srª. D. Alexandrina.

Para já não falar da Amélia, católica devota desde que se conhece e ao querer baptizar o filho, vê o Sr. Padre da paróquia negar-lhe o que pretende, pois a madrinha não tinha a Comunhão Solene nem… , Também se resolveu: uma “Cunha” no Sr. Padre duas paróquias mais abaixo e zás: uma criança baptizada.

O Sociedade Imobiliária “Novas e do Melhor, Lda.”, com dificuldade na obtenção do licenciamento para a concretização da Urbanização Monte da Palha, resolveu também a questão com o “Dr.Cunha” , na pessoa do Engº. Xavier da Câmara Municipal.

Era só querer e não mais parava. Todos nós somos responsáveis pela aludida Instituição estar viva e de boa saúde, o facilitismo, o comodismo, o bom deixa andar tão português, aquece e dá alma ao Dr. Cunha.