Durante algumas semanas a minha saúde e outras arreliações, não me permitiram sair de casa ou deixar as redondezas. Agora que baixei à cidade (Coimbra), parece que recolhi à realidade da vida de todos os dias.
Num centro comercial, luzinhas que apagam e acendem (tal e qual como a vida) não permitem que o Natal se desvaneça na nossa memória. E não será pelas melhores razões, apenas pelo simples apelo ao consumo ás vezes irracional. A fazer lembrar que vem aí o Natal…
Encontrei um Pai Natal bem português por acaso, embora tanto a barba postiça como o fato na etiqueta dizia: “made in China”. Enfim, sinais do tempo, deste tempo em que nós os cidadãos do Mundo (principalmente deste Mundo dito evoluído e civilizado) calamos a exploração de crianças de tenra idade que a troco de muitas horas de trabalho e uma malga de arroz, fabricam fatos e barbas postiças de Pai Natal, bolas de futebol, jogos electrónicos e outros artefactos que outras crianças de outros países irão usufruir a fazer lembrar que vem aí o Natal…
As campanhas dos hipermercados, os apelos das televisões, o número crescente de pedintes na rua, o coração de cada um mais atento, a fazer lembrar que vem aí o Natal…
As festas que se promovem, os encontros que acontecem, os colegas de trabalho que nesta altura do ano e só nesta altura do ano passam a ser uma família, a fazer lembrar que vem aí o Natal…
Os presentes que se dão porque sim, mais os que se dão porque não, a fazer lembrar que vem aí o Natal…
Tenho um sonho! O sonho de a Humanidade poder dizer em qualquer dia do ano: Hoje é Natal! Todo e qualquer dia em que se festeje a paz no Mundo. Que a palavra solidariedade se materialize em cada momento que passa, que haja verdadeiras oportunidades iguais para todos, que a Paz seja realidade doravante, que…
Alguns dirão: ingenuidade! Sonho de criança! Pois que seja! Na verdade gosto de brincar com carrinhos, de jogar ao pião, andar de gatas e dar saltos, soltar um grito de quando em vez, chorar e rir como qualquer criança. Só já perdi a inocência de ser criança, não sou puro, inconveniente ás vezes, incompreensível de quando em quando, carrego um certo egoísmo dos tempos que passam, já dei por mim a desviar o olhar da desgraça do outro, mas pelo menos tenho consciência das minhas faltas e a custo tento ser uma pessoa melhor.
Esquecer que o Natal é celebrar o nascimento de Jesus Cristo é esquecer que Jesus deve ser o exemplo vivo em cada dia do ano; é esquecer que Ele perdoou Maria Madalena e livrou-a do pecado; é esquecer que recuperou a visão aos física e espiritualmente cegos; é esquecer que foi solidário com os pobres e trouxe independência aos que estavam feridos; é esquecer que nasceu para nos salvar.